Artigo

Balada segura, educação e civilização.

Balada segura, educação e civilização.

Artigo de: Paulo Kopschina - diretor-geral do DetranRS

Educar inclui tirar o indivíduo do estado egocêntrico em que nasce, inserindo-o na civilização. Só depois de educado, esse ente em estado bruto, mas de natureza social, será capaz de conviver com os demais seres humanos — e em um mundo pré-organizado sobre regras.

Essa adaptação, como mostra Freud, não acontece sem mal-estar, e muitos atingem a idade adulta só parcialmente conformados às regras sociais. Um bom exemplo de adultos socialmente bens resolvidos e de outros que ficaram no meio do caminho é o trânsito. Quem compreende as regras como instrumentos de pacificação do espaço público segue-as sem problemas. Quem acha que suas necessidades devem preponderar sobre às dos demais interpreta a lei como algo a ser burlado sempre que possível. Como evitar que "adolescentes" de todas as idades se tornem um perigo nas ruas? Fiscalização e punições são adotadas em todos os países; porém, somente o convencimento livremente aceito faz a verdadeira diferença.

O DetranRS criou a Balada Segura em 2011 não apenas para fiscalizar, como manda a Lei Seca, mas também para educar. Na blitz, atitudes respeitosas na abordagem lembram o infrator que ele é um adulto e tem direitos - menos o de se converter em uma ameaça para os demais. Trabalhando assim, a Balada Segura já registra redução dos acidentes nas noites e madrugadas.

 

Ao contrário do que pensam alguns, o adulto pode, sim, ser educado. O DetranRS está nas ruas, varando as madrugadas, porque acredita firmemente nisso. Falta reduzir a permissividade social. Quando os que cercam o infrator exercerem seu direito de adverti-lo sobre sua imprudência, o trânsito se tornará um espaço de pessoas civilizadas — e a Balada Segura terá cumprido sua missão.

Artigo publicado originalmente no Jornal NH de 19 de junho de 2018.

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