Ônibus

Ônibus Caio Gabriela com 44 anos volta a ser zero km.

Ônibus Caio Gabriela com 44 anos volta a ser zero km.

Restauração resgata memória do ônibus que fez história.


A Caio Induscar é conhecida no mercado de ônibus por desenvolver produtos inovadores, que vão além do transporte coletivo de passageiros. Eles contribuem, de fato, com a evolução da mobilidade urbana.

A marca, que soma mais de 72 anos de história, traz em seu portfólio modelos de ônibus rodoviários, urbanos (padrón e articulados), mídis, micros e minis.

Como líder na produção de urbanos no país, foi responsável pelo share por cerca de 60% das vendas do segmento em 2017.

Os ônibus urbanos Caio sempre foram sinônimo de alta qualidade e robustez estrutural. Nos anos 70, a fabricante foi responsável pela produção do líder de vendas e um dos mais significativos modelos urbanos da época, o Gabriela.

Produzido a partir de 1974, o Gabriela foi o primeiro urbano da Caio fornecido em versão articulada. O veículo possuía linhas mais retas, grande área envidraçada, amplo uso de fibra de vidro e iluminação fluorescente de série, com colunas inclinadas. Com o Gabriela, a Caio lançou o para-brisa traseiro plano, em peça única, solução logo copiada pelo restante da indústria.

O Caio Gabriela marcou a infância de muitas pessoas. Esse foi o caso de Eduardo Tows, Engenheiro Mecânico e Gerente de Manutenção de uma das empresas que operam no Sistema de Transporte em Curitiba, PR. Apaixonado pelo ônibus que utilizava para ir à escola, Tows adquiriu um Gabriela e restaurou o modelo da maneira mais original possível.

História

Em 2014, ao conversar com um amigo, Eduardo comentou que se achasse um modelo Gabriela rico em detalhes, iria comprá-lo. Dois dias depois, ele encontrou um ônibus nestas condições e o sonho se tornou realidade.

O Gabriela estava na Região Metropolitana de Curitiba, na cidade de Colombo, estacionado na rua e há cinco anos não era utilizado. O modelo estava fora das cores originais e, por meio de pesquisa da placa no Sistema de Transportes de Curitiba, foi possível descobrir, pelo prefixo, que ele foi produzido originalmente para a Auto Viação Nossa Senhora da Luz. Consequentemente, obteve a informação de que o modelo foi incorporado ao Sistema de Transporte de Curitiba, em 1979, com a pintura nas cores verde e amarela. A partir deste momento, foi iniciado um trabalho minucioso de restauração, que durou aproximadamente quatro anos.

Garimpagem de peças e trabalho detalhista resultou em verdadeira volta ao tempo  

As peças que faltavam foram adquiridas, algumas de Minas Gerais e de São Paulo, e outras tiveram que ser fabricadas.

Os desafios de Tows eram: fazer funcionar a boia de combustível do veículo, a iluminação externa e também o cuidado em reavivar na memória como era o modelo.

Várias peças foram garimpadas para o Gabriela. Com a ajuda de parceiros e amigos, que também queriam ver o veículo pronto pela importância histórica e pelo resgate de memória do transporte coletivo, Eduardo conseguiu vários itens.

Durante o processo de restauro do veículo, Tows relembrou de uma curiosidade engraçada que ocorreu.

“Um dos meus amigos estava em viagem a trabalho, cerca de 300 quilômetros de Curitiba, passou por um desmanche e avistou um Caio Gabriela, com as portas originais. No mesmo momento, me ligou e disse: Achei as portas que faltavam no seu Caio Gabriela, vou colocar no meu carro e levar para você, depois a gente acerta. Detalhe o modelo do carro dele era de porte pequeno, e mesmo assim trouxe as portas sem pensar”, comenta.

Além da ajuda de parceiros e amigos, muitos serviços do restauro também foram realizados por uma autorizada Caio, de Curitiba. Todas as peças originais do Gabriela ou como funcionavam originalmente, foram mantidas ao máximo. Ele encontrou uma lente de luz interna quadrada, produzida na época pela Caio, deixando o ônibus 100% original.

Para manter a cor do revestimento interno original, foi necessário um achado. Tows encontrou um pedaço da cor original azul embaixo da forração interna do veículo e, assim, foi feita a tinta.

Já para descobrir as cores externas, foi necessário raspar um pedaço para, assim, ser reproduzida a tinta original.  Parte de vidros originais com o emblema Caio também foram procurados e as letras dos itinerários, na época confeccionadas de pano, foram encontradas por meio de fotos, sendo a mesma fonte utilizada para a reprodução.

Foram mantidos no Gabriela os frisos, máscara de farol, farol Sealed Beam, válvula da porta, limpador a ar pneumático, plaquetas de identificação de entrada e saída, e até mesmo foram reaproveitados os furos das chapas antigas para que não fossem danificadas as mesmas. A porta traseira, que estava fechada, foi reaberta, e a catraca que o veículo não possuía, foi doada por parceiros.

O restauro do Gabriela foi marcado por um árduo trabalho de verificação de como era o veículo original, para tentar reproduzi-lo da forma mais fiel possível, e trazer de volta a sensação de nostalgia proporcionada pelo ícone que marcou a vida de tantas pessoas, 40 anos atrás.

O diferencial da coleção

Eduardo Tows, trabalha há 20 anos com ônibus e em sua coleção pessoal conta com cinco carros antigos e dois ônibus, sendo um deles, o Caio Gabriela.

A paixão do engenheiro pelo Gabriela é tanta, que ao adquirir o ônibus em 2014, ele também construiu na nova residência, um local especial com cobertura para estacionar o veículo.

“O Caio Gabriela com certeza é o diferencial da minha coleção. É um modelo que foi ícone dos anos 70, muito a frente da época com excelente estrutura e qualidade.  Além de participar de exposições, o veículo receberá, em breve, também a placa preta, que significa que o ônibus tem um valor histórico e grande nível de originalidade”, enfatiza, Tows.


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