O desafio é maior do que parece porque ainda não está claro quem irá assumir o papel de prover a conectividade de um carro.
Por Letícia Costa
Uma nova fase se descortina no setor da mobilidade com o avanço de transformações disruptivas no mundo. É primordial neste momento que a indústria brasileira olhe para frente, considerando todas as transformações que já se desenham, assim como as implicações de cada mudança para a qualidade. Embora possam parecer pequenos, os efeitos deverão ser bastante expressivos.
Entre as perspectivas para o horizonte 2030 está o crescimento de veículos elétricos, conectados e autônomos, o que demandará a introdução de novas tecnologias que hoje não necessariamente são dominadas pela indústria, como as baterias e as soluções em conectividade. Potencialmente, vários players estarão envolvidos na entrega da solução para os clientes.
Neste cenário, a indústria irá se deparar com desafios de qualidade que não são aparentes na atualidade. Exemplo disso são os cyber attacks. Se você for visitar uma fábrica hoje, poucas pessoas na área de qualidade estarão preocupadas com ameaças à segurança digital. Mas lá na frente, com os modelos conectados e compartilhados, o tema passará a ser primordial para a indústria como um todo.
O desafio é maior do que parece porque ainda não está claro quem irá assumir o papel de prover a conectividade de um carro. Por exemplo, será uma montadora ou um Google? Isso significa que há potencial para redefinir os papeis e redirecionar as responsabilidades por qualidade, o que deve criar desafios porque o Google, embora possa dominar conectividade, não entende muito de carro. Outro cenário envolve várias empresas envolvidas na formulação da solução – o que torna ainda mais difícil a tarefa de garantir a qualidade.
Nesse sentido, a indústria já precisa começar a definir quais devem ser os padrões de qualidade em preparação para uma fase de transformações que não se depara desde a sua criação. Os players da cadeia ainda deverão trabalhar de forma colaborativa com os desenvolvedores de softwares, na definição de rotas para garantir os padrões de qualidade, uma vez que um player sozinho não dará conta do recado.
Na medida em que enfrentar todas essas transformações, a indústria precisará evoluir os conceitos de qualidade na mesma velocidade, o que trará desafios para a cadeia como um todo, não somente para montadoras ou autopeças. Daqui para frente, a indústria lidará com desafios de qualidade que não serão pequenos, uma vez serão totalmente diferentes daqueles enfrentados até agora.
Este e outros assuntos estarão na pauta do 6º Fórum IQA da Qualidade Automotiva, que debaterá o tema “Os Parâmetros da Qualidade em Ano de Transição e Retomada dos Negócios”, com lideranças de montadoras, autopeças, concessionárias, distribuidores, oficinas, entidades setoriais, consultorias e governo, dia 10 de setembro, no Centro de Convenções Milenium, em São Paulo.
* Letícia Costa é sócia-diretora da Prada Assessoria e palestrante do 6º Fórum IQA da Qualidade Automotiva
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